Manifestações de muçulmanos reúnem cerca de 800 mil pessoas na Chechênia
No Níger, duas igrejas brasileiras foram queimadas. No Afeganistão também houve atos contra charges de Maomé
Rio - Cerca de 800 mil muçulmanos na Chechênia, leste europeu, protestaram nesta segunda-feira contra as caricaturas do jornal satírico francês ‘Charlie Hebdo’, cuja redação em Paris foi alvo de massacre por terroristas, com 12 pessoas mortas, há duas semanas. O número de pessoas no ato pacífico corresponde a 60% da população local. Já no Níger, África, cerca de 45 igrejas foram incendiadas desde sábado, também em atos contra a publicação de novos desenhos sobre o profeta Maomé pelo jornal.
Em Niamey, capital do Níger, duas igrejas presbiterianas brasileiras estavam entre as queimadas. Os protestos deixaram cinco mortos, 128 feridos, 189 detidos e um cenário de destruição. Na Chechênia, que faz parte da Federação Russa, a multidão se concentrou perto da mesquita da capital da região, Grozny, com cartazes e fazendo orações. A manifestação foi televisionada pela televisão estatal russa, o que marcou o respaldo do Kremlin e do presidente Vladimir Putin.
Uma manifestação do tipo foi anteriormente proibida em Moscou e causou atrito entre governo e muçulmanos. Líder checheno, Ramzan Kadyrov prometeu que atitudes “provocativas” não passarão impunes. “Se for necessário, estamos dispostos a morrer para deter qualquer um que pense que pode profanar irresponsavelmente o nome do profeta”, disse. Também ontem, cerca de 500 pessoas marcharam em Jalalabad, Afeganistão, e queimaram bandeiras da França.
O massacre na redação do ‘Charlie’, cometido por dois irmãos franco-argelinos ligados à rede terrorista Al Qaeda, gerou comoção mundial. Mas a publicação de novas charges ligadas a Maomé, uma semana após as mortes, causou revolta entre muçulmanos.
União Europeia vai lançar programa antiterrorismo
A União Europeia, junto com as nações árabes e a Turquia, vai lançar programa antiterrorismo nas próximas semanas. A ideia é intensificar a cooperação após os ataques de Paris, segundo anunciou ontem a chefe de política externa do bloco, Federica Mogherini. “Atuaremos em conjunto com a Turquia, o Egito, Iêmen, Argélia e os países do Golfo Pérsico”, esclareceu ela.
A União Europeia também enviará mais militares para proteger suas delegações em países do muçulmanos, afirmou Mogherini após encontros como o líder da Liga Árabe, Nabil al-Arabi e ministros europeus.
Federica Mogherini. disse ainda que há necessidade de compartilhar informações de inteligência com outros com outros países no mundo.
Texto: Gabriel Antonio
As conquistas do povo negro e a valorização de sua identidade
Como toda data específica para comemoração e análise de uma temática social, o Dia da Consciência Negra tem a sua relevância para revelar ao sistema toda a luta do povo negro para garantir seu espaço na sociedade. O dia faz menção à morte de Zumbi dos Palmares, que morreu em luta pela liberdade do povo negro. O espaço para este povo já foi negado há muito tempo, sendo que a abolição da escravatura não foi suficiente para esta conquista libertária. Todos os avanços relacionados com a posição do povo negro, dentro ou não de forças políticas, foram resultados de seu próprio trabalho e mobilizações.
Porém, muitas dessas conquistas incomodam o senso comum, sendo que muitas pessoas desvalorizam as lutas dos(as) negros(as), argumentando que estes(as) já conseguiram o suficiente, e que portanto não há do que reclamar. Ou então, consideram os(as) negros(as) como pessoas ingênuas e facilmente manipuladas por organizações políticas. O racismo ainda está presente e contextualiza os espaços das universidades, da mídia, dos livros literários… Mas, pelo que parece, há situações em que os(as) negros(as) não têm o apoio em suas lutas nem mesmo de movimentos sociais. Pelo contrário, nota-se, já há algum tempo, a presença de “militantes” que estão do lado do(a) agente opressor(a), algo bastante contraditório. E isto faz com que o Movimento Social Negro tenha que agir com mais empenho, para enfrentar este inimigo mascarado.
Todo este incômodo provocado pela ascensão do povo negro faz parecer que suas atitudes estão sendo vigiadas, com o objetivo de encontrar um vacilo, pequeno que seja, para argumentar que sua conquista foi pautada em ações que ofuscam a luta dos(as) próprios(as) negros(as). Um exemplo recente é o caso do ministro Joaquim Barbosa, que, devido ao fato de se destacar no caso mensalão, está sendo alvo de críticas de alguns militantes. Estes as justificam afirmando que Barbosa pretende, devido à sua ênfase no famoso caso, se candidatar por algum partido oportunista, fato que ele mesmo negou.
Neste escrito, serão pontuadas quatro áreas nas quais os(as) negros(as) estão conquistando e fazendo valer sua identidade, mas que devem ser analisadas, para que o caminho não seja vencido pelo conformismo.
Mercado de trabalho
O ambiente de trabalho um lugar comum onde se concentram atitudes que remetem ao racismo. Devido às hierarquias dentro destes espaços, é comum pessoas negras ocupando funções de subordinados, mesmo tendo capacidade e escolaridade para assumir um cargo de liderança. É nisto que se insere a desigualdade por oportunidade. A inserção no mercado de trabalho para os(as) negros(as) enfrenta a dificuldade dentro de processos seletivos onde um dos requisitos para a aprovação do futuro funcionário de uma organização é a cor da pele.
Dentro desta problemática, existe o caso das mulheres negras, que são vítimas da dupla opressão, como exposto em Lideranças Negras: diferenças entre gêneros. O espaço para elas é concorrido não somente por brancos(as), mas também pelos homens negros.
Considerada como inferior, a população negra carrega a discriminação, pois a questão racial determina a participação no mercado de trabalho, e a diferenciação entre os(as) colaboradores(as) de uma empresa.
A ascensão do povo negro nesta área está acontecendo, mesmo que de forma lenta. Encontram-se representantes da origem negra destacando-se dentro de organizações, mas para chegar nesta conquista muita determinação e trabalho foram necessários. O preparo para a entrada e permanência no mercado de trabalho é, para a população negra, uma grande batalha.
Manifestações ganham destaque na imprensa internacional
Jornais de todo o mundo destacam presença em massa da classe média nos protestos e a falta de um coro único, além do "Fora Dilma" e das manifestações de amor ao País
As manifestações contra o governo Dilma Rousseff, que levaram neste domingo (15) mais de um milhão de pessoas às ruas em todo o Brasil, tiveram repercussão na mídia internacional. Vários jornais europeus e também da Améria Latina deram destaque ao evento em suas páginas, trazendo informações, imagens e análises.
O argentino La Nación foi um dentre os vários jornais internacionais que destacaram as manifestações deste domingo (15). Foto: Reprodução
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O jornal britânico The Guardian chamou os protestos de “demonstrações de direita” pela frustração com a “economia moribunda” e o escândalo de corrupção na Petrobras. Com o título “Brasil: centenas de milhares de manifestantes pedem o impeachment de Rousseff”, a publicação trouxe uma descrição dos eventos em algumas cidades brasileiras e disse que, diferentemente das manifestações ocorridas na Copa das Confederações em 2013, as registradas hoje foram promovidas por “uma classe média predominantemente branca” que tomou as ruas para pedir o impeachment da presidenta.
Já o jornal Financial Times, com o título “Milhares pedem o impeachment de Rousseff”, destacou que as manifestações aconteceram no início do segundo mandato de Dilma e se somarão “a um clima de instabilidade política que tem empurrado a moeda brasileira para baixo e tornado ainda mais difícil a introdução das medidas de austeridade necessárias para corrigir a deteriorada situação fiscal do Brasil”.
As manifestações do Brasil foram manchete no site da empresa britânica de notícias BBCneste domingo. O título “Grandes protestos contra a presidente do Brasil” é ilustrado por uma foto de uma brasileira vestida de verde e amarelo, enrolada na bandeira do Brasil, com o braço direito estendido em sinal de protesto. A notícia dá ênfase ao escândalo de corrupção da Petrobras como o fator gerador dos protestos.
O jornal alemão Der Spiegel trouxe o título "Brasil: centenas de milhares vão às ruas para protestar contra o governo", ilustrado por uma foto da manifestação ocorrida em Manaus. No texto, o jornal descreve os eventos nas principais cidades brasileiras e atribui as manifestações à crise econômica e ao escândalo de corrupção da Petrobras.
O espanhol El País disse que as manifestações que tomaram o Brasil eram as maiores da democracia. O periódico também destacou a presença da classe média nos protestos. Para o jornal, mais do que o impeachment, a força do evento chama atenção para a crescente rejeição de Dilma Rousseff, presidente reeleita há apenas cinco meses.
O vizinho Clarín, da Argetina, também deu destaque às manifestações na versão digital do seu jornal. O periódico resumiu a questão em um título: "um crise se avizinha". A matéria também fala do escândalo da Petrobras como um dos motivadores dos protestos, que foram, em sua maioria, convocados pela internet e pelas redes socias. O Clarín também lembra que no dia 15 de março a democracia brasileira comemora 30 anos.
Já o frânces Le Figaró lembra as manifestações de junho de 2013 e diz que os protestos reclamam a destituição da presidente frente aos escândalos de corrupção recente envolvendo seu partido e aliados. O jornal também cita os pedidos de intervenção militar feito por alguns participantes da manifestação que levou milhares de pessoas para a Avenida Paulista, em São Paulo.
O jornal português Público também cedeu espaço às manifestações brasileiras na sua edição digital. Em uma matéria cujo título era "Pátria amada, Brasil", o periódico disse que o único bordão que conseguiu semelhante coro ao do hino nacional foi o "Fora Dilma". O jornal ainda ressalta que os partidos de oposição PMDB e DEM aprovaram a manifestação, mas não estiveram formalmente presentes.
*Com informações da Agência Brasil.
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